Ecologias doentias | Jean Segata | 18 Novembro 2021
Esta quinta-feira, 18 Novembro 2021, a sessão do Seminário do GI “Identidades, Culturas, Vulnerabilidades” é organizado em colaboração com o projecto ERC “The Colour of Labour”.
O seminário “Ecologias doentias, trabalho precário e pandemia na indústria global de carnes no sul do Brasil” ficará a cargo do antropólogo Jean Segata, professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
18 NOVEMBRO | 11H00 A 13H00
Poderá ser assistido presencialmente, na Sala Polivalente do ICS, ou online via Zoom https://videoconf-colibri.zoom.us/j/85773370113
Ecologias doentias, trabalho precário e pandemia na indústria global de carnes no sul do Brasil
RESUMO: O alto número de casos de Covid-19 entre trabalhadores de frigoríficos no sul do Brasil é o mais novo item da longa lista de problemas relacionados à indústria global de processamento de carnes. Ela já incluía acidentes de trabalho, lesões por esforços repetitivos, exposição a resíduos contaminantes, distúrbios imunológicos e psiquiátricos. Além disso, o trabalho precário, racializado e especista e a produção intensiva de ecologias doentias que alimentam patógenos emergentes completam um cenário de destruição crônica que explora e adoece humanos, animais e ambientes. A situação atual ocasionada pela atividade tóxica do agronegócio sintetiza temas centrais do debate sobre o Antropoceno e ecoa em novas configurações as históricas e devastadoras condições sociais, sanitárias e ambientais que afetaram o Brasil desde os tempos coloniais, incluindo o trabalho escravo das charqueadas, a introdução destrutiva de gado nos pampas e a circulação de doenças, como a cólera e a peste. Ao combinar a etnografia multiespécie e a pesquisa histórica, esta apresentação analisa a ligação entre a exploração passada e atual de humanos, animais e ambientes, a mercantilização da natureza e as catástrofes sanitárias e ambientais que ganham intensidade em geografias desiguais, desde o colonialismo até o agronegócio.
BIO: Jean Segata é doutor em antropologia social e professor adjunto do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Porto Alegre, Brasil), onde coordena o Núcleo de Estudos Animais, Ambientes e Tecnologias e a Rede Covid-19 Humanidades MCTI. Suas experiências de ensino e pesquisa intersectam saúde multiespécie, antropologia ambiental e da ciência e tecnologia.