Resumo: Se a escravização e tráfico de Africanos para as plantações das Américas e Caribe está na raiz da intersecção fatal colonialismo-capitalismo-racismo, e nos deixou até hoje legados de desigualdade social racializada que tentamos analisar, desfazer e reparar, outras dinâmicas de tráfico e trânsito humano coexistiram, prolongaram e complexificaram estas dinâmicas de racialização – no Pacífico, no Índico, no Atlântico pós Abolição e Emancipação. Nesta apresentação vou abordar os tráficos e trânsitos que alimentaram as plantações de açúcar do Hawaii e Fiji, também elas insaciáveis de braços de trabalho, e as sociedades racializadas que assim se geraram. Em Fiji, colónia britânica, combinaram-se dois fluxos: o rapto de Melanésios de ilhas vizinhas (blackbirding) e a contratação vinculada de Indianos, resultando numa sociedade polarizada em que as tensões do tempo colonial persistem em antagonismos. No reino do Hawaii, depois colónia dos Estados Unidos, sucederam-se as contratações de diferentes grupos do Hawaii, Polinésia, China, Madeira-Açores, Japão, Porto-Rico, Coreia, Filipinas, resultando numa sociedade que se representa como multi-étnica mas é também herdeira das tensões hierarquizadas-racializadas da economia da plantação. Com o estudo combinado destes casos, proponho afinar conceptualmente o elo plantação-racialização que exploro no projeto “The Colour of Labour.”